Quando choro

Quando eu choro,
Me dispo de todo orgulho
E de toda vaidade.
E sinto escorrer pelo rosto
O egoísmo que me destrói.
E sinto cair com cada lágrina
Toda mágoa que me corrói.
Quando choro,
Consigo espantar a tristeza
Mas é a beleza que
Me dá mais emoção
Quando choro,
Me dispo das falsidades e mentiras.
E me sinto verdadeiramente eu.
Sem mascaras, sem desculpas
E sem segredos.
(JF-2003)

Otimismo

Eu posso cantar,
Pois ressuscitei o pássaro cantor
Que há dentro de mim.
Eu posso brincar,
Pois acordei de vez
A criança que existe em mim.
Eu posso sorrir,
Pois com préstimos Divinos
Recuperei minha fabrica de sorrisos.
Eu posso sonhar,
Pois fui bem dentro de mim
Buscar o poeta que não havia partido.
Eu posso viver,
Pois a força que me mantém vivo
Nunca saiu de mim.
Hoje, eu só poderia estar por aqui
Cantando, brincando, sorrindo
Sonhando e amando.

(JF-28.10.2010)

Pessimismo

Não posso mais cantar
Pois o pássaro cantor
que havia em mim,morreu.
Não posso mais brincar
pois a criança que
existe dentro de mim,adormeceu.
Não posso mais sorrir
pois a fábrica de sorrisos
que eu tinha, faliu.
Não posso mais sonhar
pois o poeta que havia
dentro de mim, partiu.
Não posso mais viver
pois a força que me
mantinha vivo,saiu.
Hoje, eu só posso ficar
por aí, perambulando até
que a coisa mude ou um dia
simplesmente evapore.
(Rio de Janeiro, 1982)

Vencido

Queria somente rir de ti,
Queria humilhar-te, simplesmente,
E zombar muito mais de ti.
E deixar-te caída na poeira da estrada,
E deixar-te ferida, sem amor, sem nada.
Queria odiar-te por toda vida
E querer-te mal e ver-te perdida.
Mas, tudo foi bem diferente.
Quando olhei-te nos olhos
Sorri contente.
Quando vi teu sorriso de repente,
Te amei mais, bem mais que antigamente.
(Rio de Janeiro-01.12.1977)

Maria

Vou correndo pela vida afora
Pois preciso chegar sem demora
Pra ver minha amada
Que num lindo momento da vida
Eu encontrei um dia.
Vou procurar horizontes perdidos
Me guiar pelos sentidos
Vou buscar mais alegria.
Vou levar o meu amor
Minha linda flor
Minha doce Maria.
Vou correr pelos campos
E por todos os cantos
Vou buscar alegria.
Vou cantar o amor
E vou gritar onde eu for,
Que eu amo Maria.
(Rio de Janeiro- 01.10.1976)

Foi assim

Cheguei sem muita conversa
E muito pouco pra dizer.
Trazia no peito só mágoas
E me afogava nas lágrimas
Do meu triste sofrer.
Meu rosto também sempre triste,
Como se não existisse
Motivo algum pra viver.
Mas, um dia encontrei você.
E, pude com o tempo perceber,
Que algo em mim mudava.
Meu rosto se alegrou
E até meu pranto secou,
Eu descobri que te amava.
Então,louco de felicidade,
Quis correr pela cidade,
Gritando pra todo mundo saber
Que eu estava amando,
Amando de verdade.
Eu estava amando você.
(Rio de Janeiro-20.03.1976)

Desejo

Sempre me perguntam quem eu sou,
De onde vim, para onde vou.
Sou de Minas,do interior.
Sou um jovem comum.
Que veio ao Rio de Janeiro
Para ser mais um
Que quer vencer na vida.
Que quer vencer a vida...
E depois voltar.
Quero um dia poder
Encontrar a minha paz
E com o meu amor viver tranquilo
Em Minas Gerais.
Quero uma casa na colina
E com minha menina
Desfrutar a natureza.
Quero ter sempre a certeza
Que o amanhã será melhor.
Quero dormir ao som de grilos,
Sapos e rãs
E acordar com o canto dos pássaros
Todas as manhãs.
(Rio de Janeiro - 23.05.1978)

Uma Poesia...

Uma poesia pode ser muita coisa.
Uma poesia pode ser um simples momento.
Uma poesia pode ser apenas uma reunião de palavras.
Uma poesia pode ser um sentimento.
Uma poesia pode ser uma rosa.
Uma poesia pode ser um sorriso.
Uma poesia pode ser uma palavra.
Uma poesia pode ser um olhar.
Uma poesia pode ser um gesto.
Uma poesia pode ser uma criança.
Uma poesia pode ser um choro.
Uma poesia pode ser uma lágrima.
Uma poesia pode ser um abraço.
Uma poesia pode ser um adeus.
Uma poesia pode ser uma saudade.
Uma poesia pode ser uma lembrança.
Uma poesia pode ser um sonho.
Uma poesia pode ser uma noite enrualada.
Ou uma manhã de primavera.
Uma poesia é o nosso reencontro
Depois de longos anos de espera
(Rio de Janeiro-12.01.1978)

Steve

Meu nome é Steve.
Mas eu nunca estive em lugar algum.
Estou sempre aqui.
Eu não conheço outras gentes,
Outras terras.
Como já disse, eu nunca estive.
Apenas estou.
Estou vendo coisas,.
Sentindo coisas,
Tentando coisas,
Querendo coisas,
Pedindo coisas...
Estou amando...
(Rio de Janeiro-10.09.1978)

Talvez

Talvez eu tenha muita coisa dizer.
Talvez muito tenha que ouvir.
Talvez até fique mudo e nada diga.
Talvez até deite e durma de fadiga.
Talvez eu queira ficar contigo.
Talvez queira amar-te até morrer.
Talvez te queira sempre comigo.
Talvez te queira apenas como amigo.
Talvez um dia eu tenha a certeza
E com alegria ou tristeza
Eu venha te dizer.
Se descobrir que amo-te de verdade
Juntos vamos andar pela cidade
Nos amando até morrer.
Mas, se eu vir que tudo foi ilusão,
Que enganou-me o coração.
Vou seguir só o meu caminho.
Talvez me lembre sempre
De ti com muito carinho,
Talvez me perca pela vida
E nunca mais pense em ti.
(Rio de Janeiro-10.07.1977)

Amarga vida

Que coisa estranha é essa
Que me pesa a cabeça e
Me queima o peito?
Que nome tem essa coisa?
Que pensamentos são esses
Que apagam meu sorriso?
Que força é essa que me faz
ficar mudo?
Que coisa é essa que me faz
temer tudo?
Que medo é esse só
me torturando?
Que tortura é essa que vai
destruindo?
Que vida é essa?
Perdida.
Contida.
Sentida.
Sofrida...
Amarga vida!
(Rio de Janeiro, ago/1979)

Covardia

Essa covardia não traz problemas
Só para mim.
Essa covardia me faz agir assim.
Essa covardia dezfaz toda harmonia.
Essa covardia acaba com a alegria.
Essa covardia é uma grande tortura.
Essa covardia só gera amargura.
Essa covardia aumenta a tristeza.
Essa covardia so traz incerteza.
Essa covardia me leva à solidão.
Essa covardia me esconde da paixão.
A minha covardia impede que morra.
A minha covardia impede que viva.
A minha covardia me deprime,
Me suprime, me retrata, me delata...
A minha covardia te afasta.
(Rio de Janeiro, ago/1979)

Triste

Imagens, sons, coisas.
Milhões de fatos acontecem.
É a roda viva nos jogando
Para todos os lados.
E eu aqui, parado.
Pensando e procurando tirar
alguma coisa positiva de tudo isso.
Eu quero ver coisas boas.
Eu quero sentir coisas boas.
Eu quero ouvir coisas boas.
Eu quero a pureza das
coisas e pessoas simples.
Eu quero sonhar,
Eu preciso sonhar.
Deixem-me sonhar!
Porque hoje a realidade
está cruelmente muito triste.
(Rio de Janeiro,out/1979)

Saudade

Que estarás fazendo agora?
Que estarás pensando neste momento?
Eu estou aqui, neste quarto vazio
Pensando em ti e escrevendo.
Estou sentindo saudades tuas e
Querendo ver-te, loucamente.
Estou querendo-te em meus braços
E encher-te de beijos e abraços.
Queria estar sempre a teu lado.
E dizer muitas coisas,
E falar sobre tudo.
Quero te olhar e ver teu sorriso,
Quero sorrir, te olhar de novo
E simplesmente ficar mudo.
(Rio de Janeiro,18.10.1979)

Utopia?

É preciso que se faça
alguma coisa para salvar o amor.
Não esse amor-sexo que anda por ai
De boca em boca de corpo em corpo.
Eu falo do amor puro.
Do amor que nada pede em troca.
É preciso fazer algo urgente para que
o mundo não se materialize tanto.
É precisico se doar mais, muito mais.
É preciso amar, amar muito.
Amar as pessoas sobre todas as coisas.
Ora, esqueçam!
Por enquanto isso é utopia.
(Rio de Janeiro,ago/1979)

Lutando

O dia começou muito bem.
Estou mais tranquilo e tudo aquilo
Que eu sentia arrefeceu.
Continuarei a luta sozinho.
Esconderei na boca e no corpo
de outras mulheres
o que eu sinto por ela.
Se a vida nos faz sofrer,
Também nos ensina a viver.
Mas eu, covarde ou herói
Finjo que essa dor não me dói.
E vou seguindo como posso
Sem tortura e sem remorso.
Ás vezes não sei o que quero,
Mas pacientemente espero.
Desesperar me leva a lugar algum
E como sou apenas um
E só, vou vivendo como vida
Me permite viver.
Chorando quando tiver que chorar.
Sorrir quando tiver que sorrir e
Cantar, mesmo quando não puder cantar.
(Rio de Janeiro, ago/1979)

Incertezas

Hoje eu senti que a tristeza
está a fim de ir embora.
Uma sensação de paz me invade
por alguns segundos.
Um alivio repentino me faz,
às vezes me sentir melhor.
A amiga está em briga
em seu interior
E o amigo corre perigo
de voltar por seu interior.
Mas hoje eu senti que
a tristeza está querendo ir embora.
Mas, se ela for o que será de mim?
Só se ela se for e deixar a felicidade em seu lugar.
A tristeza é minha grande companheira
e acho que não suportaria o vazio...
A amiga anda confusa
E o amigo fez dela sua musa.
E a tristeza...
a tristeza continua indecisa.
(Rio de Janeiro, Ago/1979)

Confusão

Estou no teu corpo,
Estou na tua boca.
Estou no teu peito,
Junto de teu coração.
Estou na rua,
Estou na tua, na minha.
Estou aqui, ali, acolá.
Estou falando,
Pensando e escrevendo...
Estou querendo o suco de
Tua boca.
Estou enlouquecendo nesta
Vida louca.
Estou querendo muito a vida e
Desejando a morte.
Ah! eu estou é com sorte
Por querer tudo isso.
Ah! eu estou é feliz, muito feliz.
Apenas porque hoje
Eu quero estar feliz!
(Rio de Janeiro-1979)