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terça-feira, 27 de abril de 2010

Coisa nenhuma (Não vale a pena ler)

Eu queria estar no nada pensando coisa nenhuma.
Esse plagio de ideias poéticas que significa coisa nenhuma.
Enquanto o poeta pensa, eu escrevo o nada, o tudo , o talvez
e de repente eu posso parar.
Naquela roseira tinha muito espinho e eu me arranhei todo
quando fui socorrer o gato que o cachorro perseguia.
Um caminhão cheio de vasos sanitários parou em minha frente e
de repente milhões de coisas se passaram por minha mente
e continuei a escrever.
Eu não quero mais ficar aqui parado ouvindo o canto dos pássaros,
prefiro ouvir meu próprio canto.
Eu não sei cantar mas os pássaros se calaram diante da maldade dos homens.
Paro.Penso em tudo e chego a conclusão do nada.
Eu tenho sede. Um copo com água por favor!
Não. Espere! Eu tenho sede é de amor.
A sede de amor não foi saciada e por ficar na calçada esperando ela passar?
Entardeceu. No açude a festa começou: Sapos e rãs numa farra infernal.
O que estará acontecendo do outro lado do mundo nesse instante?
Sei que em algum lugar tem alguém precisando de mim,
Mas eu continuo aqui, sentado, pensando, pensando
e chego à conclusão de coisa nenhuma.
Nada faço, só ouço, penso e sonho e escrevo (ah! eu escrevo) e
apenas fico aqui no meu lugar, totalmente acomodado.
E se a bomba explodisse agora?
Quem falou que o dia começa quando o sol surge?
Alguém disse o contrário?
Quantas vezes eu fiquei na calçada esperando o sol surgir
e o dia amanheceu chuvoso!
E lá na parte do meio do oriente e em outros lugares do Mundo
continuam as explosões de bombas e pipocar de metralhadoras.
A vida humana parece ter perdido o valor.
Quando será que os homens aprenderão a valorizar o que de mais importante existe?
Será que somos todos surdos e cegos?
A rede do pescador veio cheia, mas o barco tombou na entrada da baía.
Todos se salvaram, inclusive os peixes que voltaram para o seu lar querido.
Do meio das folhagens um grilo grita e te incomoda
e enquanto isso, os gafanhotos vão comendo tua plantação.
O gafanhotos se saciaram e foram embora e agora você
quer matar o grilo só porque ele não te deixa dormir.
Sussurrraram em meus ouvidos um canto envolvente
e eu me lembrei da sereia do meu mar interior.
O mar é morto e a sereia não existe mais.
Quanto tempo ainda vou ficar aqui?
Não consigo mais rosas brancas para banhar-me todas as tardes
como sempre nunca fiz.
O medo de ficar só me alucina,
Mas a solidão é provocada por mim mesmo.
Sou meu maior inimigo.
Em desespero de causa vou cativando amigos que não me conhecem,
não me podem ver ou ouvir.
Eu tenho medo de decepção.
Mais uma festa começa agora.
Todos foram convidados.
Eu não fui porque eu sei voar.
Escrevi muito com a certeza de que fui
longe sem chegar a lugar algum.
O tempo vai passando...
A vida vai passando...
Tudo vai passando.
E eu vou ficando por aqui,
Sentado confortavelmente no sofá,
olhando pra coisa nenhuma e
pensando no nada.
(Rio de Janeiro- 23.05.1979)

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