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quarta-feira, 28 de abril de 2010

Dúvidas

Quem sou eu,
Quem é você?
Desejos mil, sonhos mil.
Dúvidas.
Duvidas que esteja mutilado?
Duvidas que esteja arrasado?
Dúvidas.
Querer, poder, fazer:
Nem eu, nem você.
Nós não conseguimos entender
muitas coisas que a vida faz.
Nós não sabemos qual o caminho
do amor a da paz.
Em matéria de viver,
somos ainda duas crianças.
E assim, o amor vai nos torturando
lentamente.
(Rio de Janeiro-ago/1979)

Alucinação

Primeiro vem o medo,
Depois, vontade de dizer esse segredo
E de soltar o sentimento calado no peito.
Isso é defeito?
A distancia e tanto amor!
A distancia, e a gente assim tão perto.
Isso está certo?
E eu e você,
Como é que a gente fica?
Isso se explica?
Perdão,mas eu não posso
Dizer que que te amo.
Perdão, mas eu não posso
Falar que te quero.
Perdão,mas eu não posso
Te beijar como gostaria.
E os nossos desejos?
E os nossos sentimentos?
E a nossa alegria?
Isso é loucura...
É pura alucinação.
(Rio de Janeiro,11.07.1979)

terça-feira, 27 de abril de 2010

Perdoar? - Se acaso - Sem acordo

Perdoar ?

O perdão acontece
naturalmente com o amor .
Quem ama
nunca perdoa.
Ninguém tem nada a perdoar
Se ama de verdade.
(Rio de Janeiro- 20.08.1979)

Se acaso

Se acaso chegares
e eu estiver fazendo carinho
em outra pessoa,
Não penses que te traí.
É que meu amor transborda e
não suporta ver ninguém sofrer.
Se acaso me vires com outra,
venha falar comigo,
não há nenhum perigo.
Minha vida é você.
(Rio de Janeiro-23.10..1979)

Sem acordo

Meu sonho e meu sono
não entram num acordo.
Meu sonho não vem
quando durmo.
Meu sono não vem
quando sonho.
Sonhar acordado
é bem pior.
A gente, às vezes,
acredita que é realidade.
( Rio de Janeiro-04.06.1980)

Erro

Atirei uma pedra
e acertei o alvo errado.
Doeu em mim.
Corri através de montanhas imaginárias,
vivi através de sonhos loucos e
me perdi no meio de auto-torturas.
Corri atrás do vento e por um momento
cheguei a ser feliz.
Atirei uma pedra
e acertei o alvo errado.
Doeu em mim.
(Rio de Janeiro-23.08.1979)

Coisa nenhuma (Não vale a pena ler)

Eu queria estar no nada pensando coisa nenhuma.
Esse plagio de ideias poéticas que significa coisa nenhuma.
Enquanto o poeta pensa, eu escrevo o nada, o tudo , o talvez
e de repente eu posso parar.
Naquela roseira tinha muito espinho e eu me arranhei todo
quando fui socorrer o gato que o cachorro perseguia.
Um caminhão cheio de vasos sanitários parou em minha frente e
de repente milhões de coisas se passaram por minha mente
e continuei a escrever.
Eu não quero mais ficar aqui parado ouvindo o canto dos pássaros,
prefiro ouvir meu próprio canto.
Eu não sei cantar mas os pássaros se calaram diante da maldade dos homens.
Paro.Penso em tudo e chego a conclusão do nada.
Eu tenho sede. Um copo com água por favor!
Não. Espere! Eu tenho sede é de amor.
A sede de amor não foi saciada e por ficar na calçada esperando ela passar?
Entardeceu. No açude a festa começou: Sapos e rãs numa farra infernal.
O que estará acontecendo do outro lado do mundo nesse instante?
Sei que em algum lugar tem alguém precisando de mim,
Mas eu continuo aqui, sentado, pensando, pensando
e chego à conclusão de coisa nenhuma.
Nada faço, só ouço, penso e sonho e escrevo (ah! eu escrevo) e
apenas fico aqui no meu lugar, totalmente acomodado.
E se a bomba explodisse agora?
Quem falou que o dia começa quando o sol surge?
Alguém disse o contrário?
Quantas vezes eu fiquei na calçada esperando o sol surgir
e o dia amanheceu chuvoso!
E lá na parte do meio do oriente e em outros lugares do Mundo
continuam as explosões de bombas e pipocar de metralhadoras.
A vida humana parece ter perdido o valor.
Quando será que os homens aprenderão a valorizar o que de mais importante existe?
Será que somos todos surdos e cegos?
A rede do pescador veio cheia, mas o barco tombou na entrada da baía.
Todos se salvaram, inclusive os peixes que voltaram para o seu lar querido.
Do meio das folhagens um grilo grita e te incomoda
e enquanto isso, os gafanhotos vão comendo tua plantação.
O gafanhotos se saciaram e foram embora e agora você
quer matar o grilo só porque ele não te deixa dormir.
Sussurrraram em meus ouvidos um canto envolvente
e eu me lembrei da sereia do meu mar interior.
O mar é morto e a sereia não existe mais.
Quanto tempo ainda vou ficar aqui?
Não consigo mais rosas brancas para banhar-me todas as tardes
como sempre nunca fiz.
O medo de ficar só me alucina,
Mas a solidão é provocada por mim mesmo.
Sou meu maior inimigo.
Em desespero de causa vou cativando amigos que não me conhecem,
não me podem ver ou ouvir.
Eu tenho medo de decepção.
Mais uma festa começa agora.
Todos foram convidados.
Eu não fui porque eu sei voar.
Escrevi muito com a certeza de que fui
longe sem chegar a lugar algum.
O tempo vai passando...
A vida vai passando...
Tudo vai passando.
E eu vou ficando por aqui,
Sentado confortavelmente no sofá,
olhando pra coisa nenhuma e
pensando no nada.
(Rio de Janeiro- 23.05.1979)